Por Alice Pires*
Uma
liderança indígena do Maranhão, a cacique Maria Amélia Guajajara, 52
anos, foi executada na tarde de ontem (28), por pistoleiros. Segundo a
informação que nos chegou agora a pouco, dois homens, em uma moto,
chegaram à aldeia e na frente de todos (inclusive da família da vítima)
dispararam dois tiros na cabeça de Maria Amélia.
Esta
índia Guajajara era cacique da aldeia Coquinho II, na Terra Indígena
Canabrava, localizada no município de Grajaú, a 600 quilômetros de São
Luis. Ela denunciava os constantes assaltos na região, o tráfico de
drogas e a exploração ilegal de madeiras dentro da terra indígena. Por
tudo isso, entre os suspeitos estão os madeireiros da região, protegidos
pelo grupo Sarney.
O assassinato brutal e covarde desta índia confirma as palavras do nosso companheiro de Vias de Fato, o jornalista Emilio Azevedo, em recente entrevista a “Rádio Brasil Atual” e reproduzida (com injustificável hesitação) no site da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). O que ocorreu com Maria Amélia é mais um fato triste, lamentável, trágico, que expõe, mais uma vez, a barbárie vivida no Maranhão, fruto de uma política, sem civilidade, marcada pela máfia, onde o crime organizado está infiltrado nos três poderes (o Executivo, o Legislativo e o Judiciário).
O assassinato brutal e covarde desta índia confirma as palavras do nosso companheiro de Vias de Fato, o jornalista Emilio Azevedo, em recente entrevista a “Rádio Brasil Atual” e reproduzida (com injustificável hesitação) no site da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). O que ocorreu com Maria Amélia é mais um fato triste, lamentável, trágico, que expõe, mais uma vez, a barbárie vivida no Maranhão, fruto de uma política, sem civilidade, marcada pela máfia, onde o crime organizado está infiltrado nos três poderes (o Executivo, o Legislativo e o Judiciário).
Só
neste mês de abril de 2012 foram executados, por pistoleiros, um
lavrador, um jornalista e ontem (28/04), uma liderança indígena. E, a
não ser na atividade de jornalista, os outras não são exceções! No
Maranhão é comum o assassinato de lavradores, sem terra, índios,
quilombolas... O caos já está instalado há muito tempo, na imensa
periferia maranhense. O problema é que a indiferença da elite/poder
público/máfia, não dá visibilidade à situação. Cria uma falsa
tranqüilidade. Os seis tiros dados no jornalista Décio Sá estão expondo
as vísceras do Maranhão! E alguns - como tem registrado atualmente o
professor Wagner Cabral nas redes sociais - usam e abusam da hipocrisia
diante do cadáver do jornalista.
No
Maranhão, não tem governo! Não tem justiça! A impunidade é a regra! O
poder está se resumindo a uma briga entre quadrilhas! Maria Amélia, a
índia, é mais uma vítima dessa situação. A diferença é que não vai ter
recompensa de cem mil para encontrar os culpados, nem Sarney vai fazer
artigo de próprio punho, falando de “valores morais”, “liberdade” e
“democracia”, num misto de cinismo e covardia.
Como
bem disse a revista Carta Capital desta semana (nº 695), hoje, nem os
amigos de José Sarney (o chefe maior do banditismo) estão mais seguros.
Então, quem está? É a Barbárie! É a falta de civilidade de um esquema
que nasceu inspirado na truculência e nas fraudes do vitorinismo e
consolidado nas trevas de uma ditadura sangrenta. Uma leitura da
entrevista com o histórico Freitas Diniz, publicada este mês, no jornal
Vias de Fato, ajuda muito a compreender a nossa conjuntura e o perfil
dos nossos opressores.
No
caso dos índios, os dados são alarmantes. No Maranhão, em 2011, um
caminhoneiro passou com o caminhão em cima de um Guajajara, uma índia
Kanela foi estuprada e morta a pauladas com requintes de crueldade
(pedaços de madeiras e folhas secas foram introduzidas nos seus órgãos
genitais), em março desse ano, uma índia Guajajara, adolescente de 13
anos, grávida de um não-índio, foi encontrada na casa dele cheia de
hematomas, estrangulada e amarrada em uma cadeira e, o cúmulo, uma
criança Awá-Gwajá foi supostamente queimada viva por madeireiros. A mais
recente vítima foi a cacique guerreira Guajajara Maria Amélia. É uma
barbárie! E para mudar, temos que admitir e enfrentar esta realidade!
* Alice Pires é da coordenação do Jornal Vias de Fato
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