Mesmo sabendo que já é uma frase repetida, não perde a força do paralelo ao que ocorre hoje em relação à usina de Belo “Monstro” e a artimanha dos portugueses, que traziam espelhinhos e miçangas para enganar aos Tupinambá, em troca do pau-brasil que grilavam aos milhares de metros cúbicos que levavam à Europa.
A governadora do Pará recebe solenemente dois emissários das Eletrobrás e Eletronorte para receber um presente “generoso” de seis bilhões de reais para compensar a desgraça que será feita na calha do rio Xingu, para construírem a hidrelétrica de Belo “Monstro”.
Tudo contra a vontade e em prejuízo das populações do Xingu. Os seis bilhões de reais, dizem, serão para aplicar em obras de infra- estrutura, saúde, educação e “construir o paraíso” também. É muito cinismo dos poderes públicos para com as populações do Pará. Se vier a ser construída a usina de Belo Monte, custará 30 bilhões de reais, para começar, podendo chegar a 50 bilhões com os aditivos costumeiros. Quem vai mamar boa parte desse recurso são as empreiteiras ganhadoras do leilão, que não aceitam arcar com os custos das medidas compensatórias. Significa que o governo se submete aos caprichos das empreiteiras, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Norberto Odebrecht e os bilhões oferecidos na bandeja à governadora sairão dos cofres públicos, isto é dos impostos que pagamos.
O presidente Lula enganou o bispo do Xingu, também os técnicos que avaliaram os impactos irreversíveis da usina, afirmou que não enfiaria goela abaixo Belo Monte caso compreendesse que seria inviável. Agora está disposto a satisfazer mais um interesse das empreiteiras e caso os Kaiapó e as populações locais enfrentem as máquinas e engenheiros certamente que o governo federal não vacilará de enviar o exército e a governadora, a polícia militar, para “garantir a ordem”.
Seis bilhões de reais é o preço da destruição do rio, dos povos do Xingu e das cidades a serem atingidas pela monstruosidade. A governadora, que sonha ser reeleita, aceita alegre as 30 moedas da traição. Até que chegue o momento em que indignados os amazônidas levantarão as vozes de um jeito ou de outro.
*Pe Edilberto Sena, da Frente de Defesa da Amazônia e diretor da Rádio Rural de Santarém.
Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo Para Sempre!!!!
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