No dia Internacional dos Direitos Humanos, 10
de dezembro, diversas organizações sociais realizaram um ato público em frente
ao prédio do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), em Belém.
Localizado em uma das principais avenidas da
cidade, local de intensa movimentação de ônibus, veículos de passeio, motos, bicicletas
e transeuntes, é o centro de recrutamento para a Norte Energia S/A (NESA) na
capital paraense. Quem passava pelo local conhecia um pouco mais da situação
que se instalou na região do Xingu, mais especificamente na cidade de Altamira,
depois do inicio das obras da hidrelétrica de Belo Monte.
Com uma inflação de mais de 30%, o simples PF
(prato feito) esta custando na região aproximadamente R$17,00; o aluguel de uma
modesta casa esta por volta de R$1.500,00; e os índices de violência no trânsito,
assaltos, estupros e latrocínios, só tem aumentado.
Junto aos manifestantes estavam parentes de
alguns dos 05 trabalhadores que se encontram presos em Altamira, acusados de
participar dos incidentes ocorridos no início do mês passado, quando
instalações e máquinas foram incendiadas. O problema é que no processo não
existe uma única foto, filme ou qualquer outra coisa que ligue os operários
presos aos atos em questão. Isto mostra que os trabalhadores foram pegos no
meio da multidão, para servir de exemplo aos demais operários.
O depoimento do irmão de um dos presos
emocionou os presentes no ato público, em especial quando relatou que seu irmão
nunca esteve envolvido em nenhum problema com a polícia e/ou com a justiça, mas
que de uma hora para outra a sua vida mudou, tendo ido procurar melhoria para
sua família e encontrado criminalização e prisão por estar reivindicando
direitos básicos como salário, condições de trabalho e o direito de ver a
família regularmente. Isso por si só já indica que estes trabalhadores estão
presos por discordar da concepção, portanto das idéias, da empresa e do
governo, parceiros no empreendimento. A conclusão que se pode tirar é que, se
não há provas de que eles infringiram a lei, havendo apenas divergência de
concepções e idéias, então estes trabalhadores são um novo tipo de preso
político no Brasil.
Aqueles que passavam também foram informados
sobre a campanha Belo Monte Justiça Já! Esta tem como objetivo cobrar da
justiça brasileira o julgamento das mais de 50 ações que estão engavetadas, aguardando
decisões definitivas. São ações que se referem ao não cumprimento das
condicionantes, não realização das oitivas indígenas, remanejamento de milhares
de pessoas que serão afetadas pelas obras, poluição do rio e diversas outras
questões que a empresa não tem garantido.
Em agosto de 2012 o pleno do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região (TRF1) determinou a suspensão imediata das obras da usina
hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, sob pena de multa diária de R$ 500 mil. A
suspensão foi determinada devido ao descumprimento à determinação
constitucional que obriga a realização de oitivas nas comunidades afetadas.
Porém, antes do final daquele mês, o presidente do Supremo Tribunal Federal,
ministro Ayres Britto, de forma monocrática, expediu liminar autorizando que as
obras fossem retomadas. Atualmente a ação está parada, aguardando o julgamento
definitivo pelo pleno do STF.
No ato de hoje estiveram presentes
representantes de várias organizações, que foram apoiar o Dia Internacional de
Ação Contra Belo Monte: Unidos Pra Lutar; CSP-Conlutas, Sindicato dos
Trabalhadores da Construção Civil de Belém e Ananindeua; IAMAS; CPT; SINTSEP-PA;
VEM; MLB; Comitê Dorothy; FAOR; PSOL; PSTU; Oposição/SEPUB; Comissão dos Trab. Fund.
lotados no HUJBB e HUBFS; Juventude do PSTU; ANEL; Comitê Xingu Vivo e familiares
dos trabalhadores presos pela NESA e Governo Federal.
Nossa luta continua!
Pare Belo Monte!
Como um cara que se diz jornalista escreve uma matéria sem dizer o número estimado de pessoas envolvidas no evento? pelo jeito a tal manifestação só tinha gente que organizou a manifestação, né? Que coisa, manipulação é sacanagem...
ResponderExcluirquem tem essa esquerda não precisa de inimigo de classe
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