Cadê o Movimento Xigu? Essa foi a pergunta de pessoas que acompanharam, na sexta(26), a conferência “Belo Monte: impactos sócio-ambientais e movimento Xingu vivo para sempre“,
realizada na 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São
Luís.
Explicando a ausência dos indígenas no evento, Edna Maria Ramos de
Castro, socióloga do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, da Universidade
Federal do Pará (UFPA), mediadora da cerimônia, respondeu que as
lideranças do Movimento não compareçam porque estão sob ação judicial
pela resistência à construção da hidrelétrica Belo Monte. “Em lugar da
resistência, eles passaram a ocupar o lugar de defesa. Eles precisam se
defender das ações do Estado”, explicou a socióloga, também diretora da
SBPC.
O atual modelo com o qual o governo vem executando obras de
infraestrutura no País esquentou as discussões, dia 26/7, na conferência
“Belo Monte: impactos sócio-ambientais e movimento Xingu vivo para sempre“.
Esse evento foi realizado simultaneamente com a conferência “Povos e
comunidades tradicionais atingidos por projetos militares”, proferida
pelo presidente do Programa Nova Cartografia Social, Alfredo Wagner de
Almeida, também conselheiro da SBPC.
Segundo especialistas, o empreendimento deve gerar pouco impacto na
criação de emprego, o prejuízo à população e à natureza é considerável, e
viola os direitos humanos.
Energia para indústria de alumínio – O pesquisador Philip Martin
Fearnside do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que ministrou a
conferência, declarou que a construção da hidrelétrica terá sua energia
destinada apenas para indústria de alumínio. O projeto, até então, foi
desenvolvido para gerar energia elétrica para evitar “o apagão” no País.
O principal impacto será em Altamira, cidade alocada na área alta do
Rio Xingu. “É uma cidade que tem invasão de água. Com o aumento da água
da hidrelétrica a inundação na cidade vai subir um quarto (¼). Esse é um
problema gravíssimo”, declarou. Belo Monte será construída também em
barragens de terras indígenas – protagonistas na conservação da
natureza.
Obras emergenciais do PAC – O pesquisador criticou o volume
considerável de hidrelétricas no Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), o qual prevê a construção de 30 barragens em dez anos, até 2020,
na Amazônia Legal e 48 no Brasil. “É um ritmo muito acelerado. No caso
da Amazônia Legal serão três barragens por ano e uma em cada
quadrimestre”.
Ele recomendou o Brasil a investir na energia solar. Disse que o País
é um dos poucos a usar o chuveiro elétrico, um dos principais
consumidores de energia internamente, com 5% do total consumido.
O pesquisador do Inpa alertou que o Brasil não tem obedecido às
normas da Convenção 169 – que exige consulta prévia de comunidades
indígenas e outras quando foram prejudicadas por obras de
infraestrutura.
Na avaliação da socióloga Edna, o discurso desenvolvimentista que
envolve Belo Monte mostra uma “insustentabilidade do atual modelo
econômico”, e se distancia do discurso da década de 1990 em defesa
ambiental. “Mostra uma ação totalitária e de violação de direitos
humanos”, declarou.
Matéria de Viviane Monteiro, no Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4549, publicada pelo EcoDebate, 30/07/2012
Num evento como a 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) esperava que a discussão fosse científica e não discurso ideológico daqueles que são contra, porque são contra. Gostaria que em vez de discurso os cientistas mostrassem teses que comprovassem as suas afirmações.
ResponderExcluirEstudos já foram publicadas e a sociedade científica em peso é contra essa obra. São mais de 300 cientistas que assinam esse documento. Em suma, a vida e a floresta estão bem acima de discursos ideolótigos. Você é uma pessoa mal informada, ou mal intencionada? Há centenas de documentos a sua disposição na internet. Mexa-se!
ExcluirNão foram convidados pelo simple fato de não contribuirem com o progresso da ciência.
ResponderExcluirQuando criarem a SBRC, Sociedade Brasileira para o Retrocesso da Ciência, aí o movimento Xingú Vivo, e seus congêneres deverão ser chamados.
Anibal, parece que vc esqueceu de ler a matéria da Viviane Monteiro. Seu post é anacrônico. Também fica claro que o seu conceito de progresso não condiz com o dos povos da floresta.
Excluire quem, deste, e d'outros comitês cujos membros autoproclamam-se defensores disto ou daquilo,tem uma prática (se é que isto importa a esses balaios de gato e seu sacos de ratos) condizente com o modo de vida destes mesmos "povos" ?
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