http://www.xinguvivo.org.br/2013/06/06/indigenas-demandam-do-governo-carater-vinculante-de-consulta/
Documento pede manifestação oficial do
governo declarando se será ou não respeitada a decisão dos indígenas no
processo de consulta proposto em reunião com ministros
Publicado em 06 de junho de 2013
Os indígenas que ocuparam o canteiro
da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e que participaram, na última
terça, 4, de uma reunião com ministros do governo para reiterar a
demanda de paralisação dos estudos e das obras de usinas na Amazônia até
que sejam consultados conforme reza a Constituição, protocolaram nesta
quarta, 5, uma resposta oficial ao governo.
Tendo decidido permanecer em Brasília
em função do descontentamento com a posição do ministro Gilberto
Carvalho (SGPR), que afirmou que não discutirá Belo Monte e apenas
ofereceu negociar os termos de uma consulta aos indígenas ameaçados
pelas obras no Tapajós, o documento foi elaborado em assembléia pelos
141 indígenas presentes. Leia abaixo:
Resposta ao governo brasileiro – Ministro Gilberto Carvalho
Senhor Ministro, em reunião realizada
no dia 4 de junho de 2013 no auditório da Secretaria Geral da
Presidência da Republica com Vossa presença e de 141 indígenas das
etnias Munduruku, Xikrin, Arara e Xipaya, onde estavam presentes os
representantes políticos da organização dos indígenas munduruku, sendo
os seguintes: Cacique Geral do povo Munduruku, assessor do Cacique
Geral, presidente e vice-presidente da Associação Pussuru, chefe dos
guerreiros, pajés, lideranças, mulheres e crianças, guerreiros e outros
caciques. Estavam presentes representantes dos Ministérios da Saúde,
Educação, representante da Associação
Brasileira de Antropologia (ABA), da Confederação Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), a presidente da FUNAI, a vice-presidente da 6a câmara
do MPF, o deputado Padre Tom e os advogados dos indígenas.
Em resposta a sua proposta de
realizar uma reunião na aldeia Sai Cinza no prazo de 20 dias para
discutir a proposta do governo sobre a consulta previa da Hidrelétrica
de São Luiz do Tapajós, comunicamos nossa decisão coletiva.
Nosso entendimento é de que somos
senhores dos nossos destinos e queremos respeito ao que esta escrito na
Constituição Federal de 1988, que garante aos indígenas a organização
social, costumes, línguas, crenças e tradições, o direito originário
sobre nossas terras e o direito de não sermos removidos de nossos
territórios, e demais legislações que nos protegem.
Diante disso solicitamos: Uma
manifestação oficial do governo brasileiro declarando se será ou não
respeitada a nossa decisão final, de forma vinculante e autônoma, sobre o
processo de consulta proposto.
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