Manaus, 06 de Junho de 2013
A COIAB – Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia Brasileira - está perplexa e indignada com a forma como o
governo se posiciona em relação ao direito sagrado dos povos indígenas sobre
suas terras tradicionais.
1 A suspensão dos estudos da FUNAI para
a demarcação de terras indígenas, alegando estudos da Embrapa é esdrúxula,
inconseqüente e descabida, além de flagrantemente ilegal, como se não bastasse
este anúncio, inclui ainda a participação de outros órgãos do governo como o
Ministério da Agricultura e Ministério do Desenvolvimento Agrário que nada
conhecem sobre a questão indígena, para decidir sobre os procedimentos de
demarcação de Terras indígenas, violando o Decreto 1775/96 que é o marco
regulatório sobre demarcações. É uma medida que pretende inverter o direito
originário dos povos indígenas sobre a terra, para distribuí-la entre
“amigos”.
2 Repudiamos a tentativa mesquinha do
governo de encobrir a escancarada afronta aos direitos dos povos indígenas,
envolvendo a construção dos mega-empreendimentos de energia, como a construção
da hidrelétrica de Belo Monte e do Complexo Hidrelétrico do Tapajós e das demais
barragens projetadas para a Amazônia;
3 Lembramos que foi o governo que
invadiu através da Polícia Federal a Aldeia Teles Pires do povo Munduruku, e
matou o Adenilson; que mandou mais de 200 homens da Força Nacional de Segurança
para o Rio Tapajós para impor sua decisão sobre a construção de novas
hidrelétricas; que foi a Polícia Federal que tem o dever de fazer a
proteção, que matou o Oziel Terena.
4 O Governo continua recusando a realizar a consulta prévia aos povos indígenas
afetados pelas hidrelétricas na Amazônia.
A submissão governamental à voracidade
das empresas do setor agroextrativistas subverte a ordem estabelecida do Estado
de Direito. O governo abdica de suas finalidades, entre as quais, de proteger os
bens indígenas que, em nome de um acordo com a sua base aliada, agride e
desconstrói o mínimo do que temos instituído constitucionalmente.
A COIAB questiona: se é possível em
pleno sistema democrático se utilizar do mecanismo ditatorial para prevalecer os
interesses do poder econômico, então, “nós povos indígenas, podemos nos valer
dos arcos flechas e bordunas para fazer a
Luta? Tentamos de todas as formas
construir o diálogo franco e aberto por meio da caneta e do papel, respaldados
pela Carta Magna do país, de nada adiantou, hoje a Força Nacional e a Polícia
Federal é quem fazem a interlocução, seja na repressão, na porrada, no choque ou
na bomba, agem em defesa da Soberania nacional como afirmou a Ministra Gleise
Hofman”.
Já não tem mais lei, nem decência e nem princípios quando um governo, seduzido
pelo poder, faz um pacto com os mais fortes, no qual negocia os direitos dos
mais vulneráveis a quem devia proteger.
O Congresso Nacional tanto a Câmara quanto o Senado decidem e aprovam a todo
momento PLs, e PECs conforme convém seus interesses e esquecem que foram
eleitos para ser representantes do povo e não deles próprio.
Aos povos do XINGU, Teles Pires,
Tapajós, Madeira, Terena, Kaiowá e demais povos impactados pelas obras do
“progresso” e pela sede do agronegócio, a COIAB reafirma o compromisso de
permanecer na luta junto com vocês e juntos vamos fazer o levante de todos os
povos pela defesa da Constituição Federal desse Brasil.
Coordenação Executiva -
COIAB
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