Por Edilberto Sena*
Ontem, ao final do dia, quem passava pela avenida Tapajós, em
Santarém, percebeu que algo especial estava acontecendo. Em frente ao
escritório da IBAMA, havia uma pequena concentração de pessoas, com um
carro som e algumas delas falando ao microfone aos presentes e aos
passantes da orla da cidade. Alguns dos caminhantes paravam para
entender o que era a concentração, outros passavam de carro e tentavam
entender o motivo das pessoas ali, com uma tela de projeção de filme e
alegres escutando as falas de que tinha à mão o microfone.
Quando o sol de pôs no horizonte e começou a projeção de um filme
documentário mais pessoas chegaram para ver o conteúdo, que era sobre
os índios do rio Xingu, manifestando indignados sua rejeição ao
projeto da Eletronorte de construir uma mega hidrelétrica em Belo
Monte do Xingu. Para eles, o projeto do governo federal vai destruir
seu mais precioso patrimônio, o rio e a floresta de onde eles tiram
sua alimentação e respeito à mãe natureza.
Certamente vários transeuntes da avenida tapajós se perguntavam sobre
o significado daquela pequena concentração, que atraiu até a polícia
militar e repórteres de rádio e televisão. Quem prestou a atenção deve
ter compreendido que ali estavam pessoas que defendem a Amazônia, seus
povos e sua biodiversidade. De fato o que ocorreu ontem ao final do
dia em frente à sede do IBAMA foi uma vigília de apoio aos povos do
rio Xingu e em protesto contra a arbitrariedade do governo federal que
quer a qualquer custo, construir uma usina criminosa em Belo Monte,
com desastres econômicos, sociais e ambientais.
Aquelas pessoas queriam, ao mesmo tempo dar um grito de alerta à
sociedade santarena e do Baixo Amazonas, sobre o perverso plano do
governo federal de construir mais cinco hidrelétricas na bacia do rio
Tapajós. O que ocorre hoje na região do Xingu é o que em breve chegará
pelo Baixo Amazonas.
O que preocupa os manifestantes da vigília de ontem é que, enquanto na
região do Xingu, as organizações populares e a sociedade está
organizada e reage firme contra os planos da Eletronorte, no Baixo
Amazonas, são ainda bem poucos os que já tomaram consciência das
ameaças e se posicionam em defesa do rio tapajós e seus povos. Ainda a
maioria pensa que esses planos de grandes hidrelétricas na Amazônia,
ou serão fonte de empregos e, ou não arranjam tempo para se preocupar
com a ameaça.
O plano governamental da chamada geração de energia limpa é anti
democrático, ignora as conseqüências desastrosas para as populações da
região. O governo democrático viola direitos de povos indígenas e
povos tradicionais da Amazônia. O alerta está sendo dado e a população
santarena precisa compreender que as hidrelétricas são desastrosas e é
urgente que se reaja e enfrente o Ministério das minas e energia antes
que a desgraça seja consumada.
(*)Participante da Frente de Defesa da Amazônia
e Diretor da Rádio Rural de Santarém
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