COORDENAÇÃO
DAS ORGANIZAÇÕES INDIGENAS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
UNIR
PARA ORGANIZAR, FORTALECER PARA CONQUISTAR
A Coordenação
das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB),
principal entidade de articulação dos Povos Indígenas da Amazônia,
criada para defender, promover, ampliar e lutar por direitos destes
povos, vem a público manifestar seu repudio e insatisfação com os
direcionamentos do Governo Federal em relação à ocupação do Povo
Munduruku ao Canteiro da Hidrelétrica de Belo Monte.
Em nota a
Secretaria Geral da Presidência da República, intitulada
“Esclarecimentos sobre a consulta aos Munduruku e a invasão de
Belo Monte”, temos o entendimento de que este Governo não
respeita os povos indígenas do Brasil, assumindo uma postura
preconceituosa e de violação aos direitos adquiridos por estes
povos.
Segundo a
Nota, para o Governo Federal, as lideranças indígenas do Povo
Munduruku, que estão articuladas em defesa de suas terras e da
sobrevivência do seu modo de vida e bem estar, não são legítimas.
A COIAB reafirma veemente de que essas lideranças são LEGITÍMAS e
reconhece a sua luta em prol do seu povo e de outros povos que
habitam a região onde está localizada a Usina Hidrelétrica de Belo
Monte. A luta é legitima e pacífica.
A COIAB luta
para que os direitos destes povos sejam garantidos e ampliados, porém
nos últimos anos o Governo Federal tem causado danos irreversíveis
aos povos indígenas, onde utiliza-se de Portarias e Decretos, muitos
inconstitucionais, demonstrando o desrespeito para com os povos
indígenas, reduzindo seus direitos
fundamentais, que proporcionariam condições de igualdade e
vida digna, por meio da proteção e garantias dadas pelo Estado
Democrático de Direito.
Estes atos
preconceituosos demonstram claramente a intenção de exterminar os
povos indígenas, que há séculos lutam por sobrevivência, pois
incentivam a invasão dos nossos territórios construindo grandes
empreendimentos que geram grandes impactos ambientais, culturais e
sociais.
Queremos o
respeito aos nossos direitos, e assim como o Povo Munduruku exigimos
a regulamentação da Convenção 169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), que dispõe sobre o direito de consulta livre,
previa e informada.
É grave a
afirmação de que os indígenas se opõem ao desenvolvimento e aos
empreendimentos, a afirmação é mentirosa e objetiva falsear a
verdade, uma vez que tenta desqualificar a luta que todos os povos.
Com essas
informações inverídicas o Governo quer justificar o seu desprezo
em relação aos povos indígenas e incompetência na proteção das
terras indígenas.
O atual governo
tenta impor sobre nós seu estilo colonialista e dominador; em meio a
tantos avanços do mundo moderno ainda temos um governo incapaz de
sentar-se à mesa e dialogar conosco, os últimos acontecimentos
comprovam essa prática: policia federal, guarda nacional, ameaças,
pânico e mortes. Esses têm sido os instrumentos governamentais
utilizados contra nosso povo quando tenta defender suas terras, sua
historia e cultura, além de um ambiente sadio que vai beneficiar
todo o país.
A COIAB rejeita
e abomina o anseio do governo de querer afirmar ou dizer quem é ou
não indígena; isso deixa claro que os direitos dos nossos povos
continuam sendo desrespeitados e violados nessa terra que defendemos
muito antes de ser Brasil: Exigimos respeito.
Manaus-AM,
09 de maio de 2013.
Saudações Indígenas,
MARCOS APURINÃ
Coordenador
Geral da COIAB
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