terça-feira, 20 de abril de 2010

Guerra judicial e guerrilha nas ruas do país continuam contra Belo Monte

Embora o governo tenha derrubado hoje a liminar da Justiça e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizado, às pressas, o leilão (que cheira mal desde o início de elaboração do projeto) para a construção da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, no rio Xingu, Oeste do Pará, a guerra judicial e a guerrilha nas ruas do país ainda não terminaram.

Diante disso, ativistas sociais e ambientas, agricultores e tribos indígenas realizaram nesta terça (20) e nos próximos dias uma série de manifestações pelo Brasil contra Belo Monte, a devastação da Amazônia e a política energética do governo Lula.

Cerca de 500 manifestantes de organizações de vários movimentos sociais protestam em frente ao prédio da Aneel contra o leilão da Usina. A pista que dá acesso à Universidade de Brasília esteve interditada desde as 5h da manhã. Manifestantes do Greenpeace também protestam acorrentados à grade em frente ao prédio da Aneel.

Em Belém, pela manhã, mais de 600 pessoas representando entidades e movimentos sociais do Pará saíram às ruas da cidade para protestar contra a construção de Belo Monte, considerada por especialistas como o maior crime socioambiental da história do país e que trará conseqüências irreparáveis à população da Amazônia, em especial aos indígenas e ribeirinhos da região.

Durante o ato na capital paraense, os manifestantes reivindicavam democracia e pediam ao presidente Lula que atendesse a decisão do juiz federal Antônio Carlos Almeida Campelo, da subseção de Altamira (PA), que suspendeu o leilão e cassou a licença prévia da obra.

A concentração do ato aconteceu no terminal rodoviário da Universidade Federal do Pará (UFPA) e seguiu até a sede da Eletronorte, chamada pelos manifestantes de “Eletromorte”, onde foi feita a ocupação da área. Um grupo de manifestantes também conseguiu entrar na sala de reunião da diretoria da instituição e exigiu a presença de representantes da direção da “Eletromorte”.

Após a chegada dos representantes na sala, tomada por ativistas, foi feita a entrega do ”Manifesto das Organizações Contra Belo Monte e o Atual Modelo Energético”, assinado por mais de 50 instituições socioambientais e movimentos sociais nacionais e internacionais. No documento ficaram claras as preocupações da sociedade em relação aos graves e irreparáveis impactos que acontecerão na região, caso a obra seja executada.

Na saída da “Eletromorte” os manifestantes realizaram a parte final do ato. Todos os discursos feitos pelo movimento social apontavam para uma maior resistência, caso o governo federal insista na construção da Usina.

Outro sentimento forte e comum entre os manifestantes de todo o país é que independente do leilão ter acontecido, entre o leilão e o possível início das obras muitas águas passarão pelo Xingu e a luta pela vida e contra o UHE Belo Monte continua.

Texto: Cleide Magalhães, jornalista e membro da Ascom do Comitê Xingu Vivo para Sempre, com colaboração de Marquinho Mota, assessor de comunicação do FAOR.

Fotos: Maurício Matos, membro da Ascom do Comitê Xingu Vivo para Sempre.


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